terça-feira, 29 de agosto de 2017

Há outros mundos além deste, pistoleiro (ainda bem!)

A Torre Negra



                Baseada na obra homônima de Stephen King, A Torre Negra é uma saga de livros em sete volumes que tem uma história de mais de trinta anos de construção e que já gerou duas pequenas séries spin offs em quadrinhos. Vale dizer que um oitavo livro foi lançado, mas que não acrescenta muitas novidades ao enredo central. Agora, essa grande obra acaba de ganhar uma versão para os cinemas, trazendo uma temida adaptação de um enredo monstruosamente grande e complexo para uma película (inicial?) de 135 minutos. Será que deu boa?

Inicialmente, a saga literária de Stephen King fala de uma existência repleta de terras (ou ‘mundos’) paralelas, as quais todas convergem para um único ponto: exatamente onde está localizada a Torre Negra. E por um acaso do destino, o mais-do-que-poderoso Rei Rubro resolveu botar abaixo essa edificação que sustenta a existência. Para isso, o monarca vermelho conta com o auxílio de seu ‘comandante’ Walter das Sombras (o Homem de Preto), um feiticeiro de magia das trevas extremamente poderoso, que é o responsável por conduzir os maquiavélicos planos de destruição. Contra essa ameaça, desde os tempos mais antigos, a Torre era protegida por ‘pistoleiros’ (que na obra de King são uma releitura dos cavaleiros da távola redonda) guiados por suas enormes pistolas de cabos de sândalo, forjadas com o metal do próprio aço de Excalibur, a arma de Arthur do Eld (sentiu a relação?). E assim Roland de Gilead, o último dos pistoleiros, começa a aventura perseguindo o homem de preto em uma incansável e perigosa jornada.



 A adaptação das telonas também parte de um roteiro parecido, mostrando detalhes que só são conhecidos nos sexto e sétimos volumes (mais perto do final), unindo Roland e o garoto Jake de um lado, contra Walter e seus vis asseclas de outros. A princípio, os contraventores existenciais pretendem destruir a Torre para tornar a realidade em chamas e escuridão. Roland busca vingança e está em crise de identidade sobre sua existência como pistoleiro. O garoto assume um papel de singular importância neste enredo adaptado e basicamente conseguimos resumir toda a obra em um pequeno parágrafo.
Em termos de apresentação técnica, A Torre Negra conta com efeitos bem interessantes, sendo que nada se torna cansativo durante o filme, incluindo a duração da exposição. Apelícula passa mais ou menos rápido e deixa a sensação de que “acabou na hora certa”. Para a alegria de quem não está inteirado de nada sobre a história da literatura ‘kinguiana’, o filme conta com um começo, um meio e (felizmente) um fim — não deixando aquela famosa brecha para a posterior continuação como é bem comum em trilogias e afins. Além disso, o som não assume papel de muito destaque, mas não faz feio, bem como os efeitos visuais — com pequena menção honrosa para o demônio da floresta e da casa do portal.


A atuação das estrelas Idris Elba e Matthew McConaughey é bem convincente, apesar de que ambos assumem quase todos os diálogos relevantes do filme — o que atrapalha muito para fazermos uma comparação. Isso pode obscurecer o julgamento de quem ocupa papel principal e de coadjuvante, já que os demais personagens parecem todos pouco úteis. Enfim, vê-se que estamos tratando de uma obra claramente mediana, deixando de lado o juízo de valor sobre ‘o livro é melhor’ ou ‘nunca ouvi falar dessa Torre’.

VALE A PENA?

Enfim, A Torre Negra é um filme muito interessante. Um sonho virando realidade para os fãs da saga e uma experiência boa para quem quer se aproximar da obra de Stephen King. Vale a pena? Sim. É perfeito? Absolutamente não. Trata-se de um filme ‘mais ou menos’, do jeitinho que deve passar na Tela Quente daqui uns anos. 

NO ENTANTO, vale a pena lembrar que a intenção inicial do grupo por trás desse trabalho é inaugurar a adaptação do livro para as telas com um filme, seguido de um seriado de mais de uma dezena de episódios. Então, dá pra dizer que os fãs estão ansiosos pela chegada da série, o que ainda não tem data certa para acontecer, mas deve aparecer lá pelos idos de 2020.